Jovens universitĆ”rios no 19Āŗ Congresso Nacional do Partido Comunista da China, em 2017. (Foto: IC)
Uma “nova RevoluĆ§Ć£o Cultural” estĆ” acontecendo na China, de acordo com o pastor Bob Fu, que se tornou uma das principais vozes das igrejas perseguidas no paĆs.
Bob Fu, que Ć© fundador da organizaĆ§Ć£o China Aid, publicou na sexta-feira (25) a imagem de uma notificaĆ§Ć£o oficial, escrita em chinĆŖs, direcionada a pais e professores de alunos da 1ĀŖ sĆ©rie.
“Este aviso aos alunos de uma turma da 1ĀŖ sĆ©rie exige que os pais e professores procurem todos os ‘livros religiosos, livros antagĆ“nicos e livros estrangeiros, incluindo livros e vĆdeos que sĆ£o copiados/duplicados e traduzidos’”, disse no Twitter. “Todos sĆ£o obrigados!”
Segundo a agĆŖncia de notĆcias RFA, em algumas partes da China, autoridades estĆ£o proibindo os alunos do ensino fundamental de ler livros “nĆ£o autorizados” em seu tempo livre.
Uma escola de Chengde, no condado de Qingyun, na provĆncia oriental de Shandong, escreveu recentemente aos pais: “Por favor, faƧam uma busca completa por livros religiosos, livros reacionĆ”rios, reimpressƵes caseiras ou cĆ³pias de livros publicados no exterior”.
A escola tambĆ©m alertou os pais sobre livros ou conteĆŗdo de Ć”udio e vĆdeo que nĆ£o sejam “oficialmente impressos e distribuĆdos pela Livraria Xinhua”, a maior e Ćŗnica rede de livrarias da China, comandada pelo departamento de propaganda do Partido Comunista ChinĆŖs (PCC).
O aviso, postado nas redes sociais, dizia que os professores seriam responsĆ”veis por monitorar outros professores, enquanto os capitĆ£es das turmas seriam responsĆ”veis pelos alunos.
“Nada nem ninguĆ©m deve ser esquecido em nossa busca”, dizia o aviso. “No futuro, funcionĆ”rios relevantes prestarĆ£o muita atenĆ§Ć£o aos cantos dos livros e Ć biblioteca [para erradicar] livros e materiais audiovisuais que nĆ£o sejam da Xinhua.”
Nova RevoluĆ§Ć£o Cultural
De acordo com uma ex-professora de Zhengzhou, na provĆncia de Henan, o PCC teme que as crianƧas “aprendam certas verdades”. “VocĆŖ sĆ³ tem permissĆ£o para ler o que o governo quer que vocĆŖ leia”, disse ela Ć RFA. “Ć sobre monitoramento e controle.”
Um professor aposentado de Xangai, Gu Guoping, disse que o governo deseja incutir nos alunos o amor pelo PCC. “Os controles sĆ£o muito mais rĆgidos agora; muito mais do que sob [a lideranƧa do ex-presidente] Hu Jintao e [o ex-premier] Wen Jiabao”, disse ele.
“Ć como a RevoluĆ§Ć£o Cultural tudo de novo”, disse Gu, em referĆŖncia ao movimento da era Mao TsĆ©-Tung, que pode ter deixado atĆ© 20 de milhƵes de mortos para preservar a cultura do comunismo chinĆŖs.
Para o correspondente internacional da CBN News, Gary Lane, este nĆ£o Ć© apenas mais um esforƧo do PCC para doutrinar estudantes, mas evitar problemas durante os Jogos OlĆmpicos de Inverno de 2022, que serĆ£o realizados em Pequim.
“Temos uma OlimpĆada chegando e o governo comunista chinĆŖs nĆ£o quer nenhuma interrupĆ§Ć£o para as OlimpĆadas”, disse Lane. “Eles realmente temem que possam haver protestos e um movimento prĆ³-democracia antes e durante as OlimpĆadas.”
“Portanto, isso envia uma mensagem aos pais: ‘[NĆ£o queremos] nenhuma influĆŖncia externa. NĆ£o queremos nenhum conluio com estrangeiros aqui’, porque eles sabem que os estrangeiros sĆ£o prĆ³-democracia”, explicou Lane. “E entĆ£o eles estĆ£o doutrinando estudantes, mas tambĆ©m tĆŖm como alvo nĆ£o apenas os jovens da China, mas tambĆ©m enviando uma mensagem aos adultos.”
No entanto, Lane diz que a nova revoluĆ§Ć£o cultural difere da revoluĆ§Ć£o cultural de Mao na dĆ©cada de 1960. “Foi muito violento naquela Ć©poca. Houve massacres”, afirma. “Esta Ć© menos violenta. Esta Ć© uma revoluĆ§Ć£o silenciosa que estĆ” acontecendo dentro da China.”
Fonte: Guia-me