Com a moeda argentina tendo perdido 90% do seu valor em 6 anos, o país passou a precisar importar cédulas de dinheiro.
Imagem: Banco Central da República Argentina
Lançada em 2017, a cédula de AR$1000, equivalente na época à cerca de US$55 dólares americanos. Passados 6 anos, seu valor de mercado desabou para os atuais US$4,3.
A desvalorização superior a 90% em 6 anos tem se intensificado na medida em que o governo local incorre em pesados déficits públicos, financiados por meio da emissão de moeda pelo BCRA, o Banco Central da República Argentina.
Com cerca de 3% do PIB em déficits, o governo tem de equilibrar uma alta nos custos de energia, fortemente subsidiados pelo setor público, que paga cerca de 75% das contas de energia da população local, além dos controles cambiais.
São ao todo 17 taxas de câmbio, buscando reduzir a evasão de divisas, sem grande sucesso. Uma análise independente aponta que o BCRA estaria com reservas de dólares negativas, a despeito de o banco apontar reservas de US$37 bilhões. Isso ocorre pois boa parte destes recursos são na realidade Yuans.
Em um país ainda acostumado ao dinheiro físico, em boa medida graças ao confisco promovido em 2001, que converteu forçadamente os dólares depositados em contas no país em Pesos, os argentinos sofrem para pagar uma simples conta de mercado.
A nova nota de AR$2000 já estaria pronta, o que pode colaborar para que o governo apresente uma redução de custos também na fabricação do dinheiro.
Desde 2020 o Brasil tem alocado sua capacidade ociosa na Cada da Moeda para fabricar notas de Peso.
Em 2022, o Brasil país produziu 600 milhões de notas de Peso. Neste ano, o Brasil deve produzir por aqui entre 16-20 milhões de pesos argentinos semanalmente, incluindo as novas notas de 2000 pesos.
Poder de compra
Em um supermercado de Buenos Aires, porém, a nova cédula, cujo valor equivalente a pouco mais de US$10. Este valor seria o suficiente para comprar meio Kg de um macarrão como o da marca Barilla (AR$1750 pesos), ou menos de 2 pastas de dente da Colgate (AR$1350). O valor é insuficiente para comprar uma lata de leite em pó da Nestlé, que custa atualmente AR$2950.
Em abril, a cesta básica do país chegou a valor cerca de AR$197 mil.
Com acesso restrito aos dólares e uma moeda que perde dinheiro a cada dia (espera-se que neste ano a inflação do país deva atingir 130%), o número de argentinos transacionado em Bitcoin tem subido.
Na Ripio, maior exchange do país, 1 Bitcoin custa o equivalente a AR$14,8 milhões de dólares, mais do que o dobro da cotação oficial utilizada pelo governo.
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