Uma iniciativa de vereadores da capital piauiense se tornou motivo de polĂŞmica por criar a leitura da BĂblia na sala de aula, que foi aprovada pela Câmara Municipal e sancionada pelo prefeito JosĂ© Pessoa Leal (MDB) em fevereiro Ăşltimo, e atraiu protestos de minorias religiosas.
Em resumo, a lei prevĂŞ que nas escolas da capital piauiense que aderirem ao projeto, os alunos serĂŁo obrigados a lerem trechos da BĂblia tĂŁo logo entrem na sala de aula. A vigĂŞncia começou no dia 01 de março, junto com o ano letivo, mas Ă© facultativa: caso diretores e/ou proprietários de escolas decidam nĂŁo aderir, os alunos ficam desobrigados.
Inicialmente, a lei foi alvo de uma ação de ativistas ateus, mas agora também mobiliza protestos de adeptos de religiões afro-brasileiras, como o caso de Tarciana Freire, mãe de uma adolescente de 13 anos que estuda em uma escola pública na zona Sul de Teresina.
“VocĂŞ já pensou a sua filha (o) tendo que explicar dentro da escola que nĂŁo quer participar daquele momento por conta da sua religiĂŁo? Consegue imaginar o constrangimento? Apesar da Umbanda tambĂ©m ser uma religiĂŁo cristĂŁ, nĂŁo temos a prática da leitura da BĂblia, assim como outras doutrinas tambĂ©m nĂŁo”, declarou Tarciana.
Conforme noticiado pelo Portal do Dia, a lei sancionada faculta a leitura de trechos bĂblicos nas escolas pĂşblicas e particulares da capital piauiense, mas atraiu crĂticas de pais de alunos, entidades e ativistas que entendem que ela desrespeita o Estado Laico e a liberdade de crença de alunos.
“Colocar essa prática como lei e opção dentro das escolas viola sim o direito de minorias religiosas, porque está claramente favorecendo apenas dois segmentos: catĂłlicos e evangĂ©licos, que sĂŁo maioria. Mas devemos lembrar que o Estado Ă© laico, está na Constituição. Onde fica a laicidade quando se favorece abertamente apenas dois seguimentos religiosos?”, acrescentou Tarciana Freire.
Ensino religioso
O inciso VI, do artigo 5Âş da Constituição Federal, assegura a livre manifestação de crenças e diferentes religiões, estipulando que “Ă© inviolável a liberdade de consciĂŞncia e de crença, sendo assegurado o livre exercĂcio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.
Em 2017, o Supremo Tribunal Federal entendeu que as escolas sĂŁo livres para adotar o ensino religioso, desde que as aulas nĂŁo sejam obrigatĂłrias. Na ocasiĂŁo, a maioria dos ministros entendeu que o caráter laico do Estado nĂŁo significa que deva existir uma censura Ă s religiões, como Ă© o entendimento clássico no meio jurĂdico a respeito do conceito de laicidade adotado pelo Brasil.
Em 2018, a Universidade de Harvard publicou um estudo que constatou – ao acompanhar 5.000 jovens ao longo de 14 anos, atĂ© atingirem a idade de 20 anos – que os hábitos religiosos de crianças e adolescentes influenciavam positivamente na qualidade de vida deles.
Os resultados apontaram que crianças criadas com práticas religiosas, como oração, estudos e participação em instituições como igrejas, possuem 18% mais probabilidade de se considerarem felizes aos 20 anos, sĂŁo 30% mais prestativas para trabalhos voluntários e possuem 33% menos risco de desenvolver problemas como dependĂŞncia quĂmica e depressĂŁo.
Fonte: Gospel Mais