Restituição poderå levar a uma redução média de quase 30% nas contas de luz de todo o Brasil
A AgĂȘncia Nacional de Energia ElĂ©trica (Aneel) propĂŽs, na terça-feira (9), a devolução de pelo menos R$ 50,1 bilhĂ”es em impostos que foram cobrados acima do patamar correto. A ideia Ă© que o ressarcimento seja feito aos consumidores por meio do abatimento nos reajustes das tarifas em atĂ© cinco anos.
O valor Ă© referente Ă cobrança de PIS/Cofins pagos a mais pelos brasileiros nas contas de luz dos Ășltimos anos. ApĂłs processos judiciais que se arrastaram por mais de dez anos, a Justiça entendeu que a cobrança dos encargos era feita de forma irregular.
Segundo o diretor da Aneel Efraim Cruz, relator do processo, essa devolução poderĂĄ levar a uma redução mĂ©dia de quase 30% nas contas de luz em todo o Brasil. O impacto, no entanto, serĂĄ diferente para cada distribuidora de energia. A proposta ainda precisa passar por consulta pĂșblica, que se encerra no dia 29 de março. SĂł assim, a Aneel vai bater o martelo sobre o tema.
De acordo com o relator, cĂĄlculos da ĂĄrea tĂ©cnica apontam que o montante a ser devolvido pode chegar a R$ 70 bilhĂ”es, jĂĄ que nĂŁo foi possĂvel calcular o valor referente a 14 distribuidoras.
SUPREMO
Os valores sĂŁo decorrentes de uma decisĂŁo do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em março de 2017, reconheceu a existĂȘncia de um erro na inclusĂŁo do ICMS (encargo estadual) sobre a base de cĂĄlculo do PIS/Pasep e da Cofins (impostos federais) nas tarifas de energia.
Depois disso, segundo dados da Aneel, das 53 distribuidoras de energia elĂ©trica do paĂs, 49 entraram com açÔes judiciais para questionar a cobrança. AtĂ© agosto, a Receita jĂĄ havia habilitado R$ 26,5 bilhĂ”es. HĂĄ ainda R$ 7,8 bilhĂ”es de açÔes que jĂĄ foram finalizadas, mas ainda nĂŁo tĂȘm habilitação na Receita, e R$ 1,2 bilhĂŁo em depĂłsitos judiciais. AlĂ©m disso, estima-se R$ 14,7 bilhĂ”es para açÔes que ainda estĂŁo em andamento.
Pela proposta do diretor da Aneel, a devolução pode ser antecipada para antes do fim da consulta pĂșblica, para evitar aumento nas tarifas de energia. Mas com o limite de 20% do total envolvido nas açÔes judiciais.
No ano passado, a diretoria da agĂȘncia jĂĄ havia abatido parte desses recursos nas tarifas dos consumidores atendidos pela Cemig, em Minas Gerais, e pela EDP EspĂrito Santo – as duas empresas haviam ingressado com açÔes individuais na Justiça.
As distribuidoras prometem levar a questão à Justiça, caso a Aneel bata o martelo sobre a devolução total dos recursos aos consumidores. As empresas alegam que teriam direito a uma parte dos créditos porque, segundo elas, entraram com as açÔes na Justiça e arcaram com todos os custos e riscos. O argumento é defendido pela maioria das concessionårias, que veem a possibilidade de ficar com algo entre 10% e 30% do que foi cobrado a mais.
Sem entrar em detalhes, o subprocurador-geral da agĂȘncia, Eduardo Ramalho, afirmou que questĂ”es como essa estĂŁo no radar da agĂȘncia e devem ser discutidas na consulta pĂșblica.
– HĂĄ algumas questĂ”es jurĂdicas que estĂŁo sendo colocadas. Algumas distribuidoras tĂȘm a tese de que parte desse valor estaria prescrita. EntĂŁo, querem se apropriar desse montante. Outra questĂŁo Ă© o prĂȘmio, que seria uma taxa de performance pelo fato dessa desoneração ter vindo por uma iniciativa das distribuidoras.
*EstadĂŁo