A Via, dona da Casas Bahia e do Ponto, informou seu plano de ação para fechar entra 50 e 100 lojas e demitir até 6 mil funcionários, após divulgar nesta quinta-feira (10) o seus resultados do segundo trimestre de 2023, que mostram um prejuízo líquido de R$ 492 milhões.
"No segundo trimestre, ainda não tivemos impactos das mudanças que começamos a implementar. Ele ficou dentro das expectativas do mercado. Com a companhia do tamanho que estava, o resultado é de prejuízo", disse o CEO da empresa, Renato Franklin, ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).
O Ebitda ajustado foi de R$ 469 milhões, com queda de 32% frente ao reportado de abril a junho de 2022, com margem de 9%, 2,7 pontos porcentuais (p.p.) menor do que um ano atrás. A receita líquida, por sua vez, caiu 2%, chegando a R$ 7,5 bilhões.
Franklin diz que o período foi prejudicado pela menor demanda por itens de maior valor agregado, que sofrem em momentos de restrição de crédito ao consumo, dado que a população estava altamente endividada. Além disso, a margem bruta da empresa - que caiu 2,9 pontos porcentuais (p.p.), para 31,4% - teve impactos marginais do início da venda de estoque em promoção que a nova gestão começou a fazer.
"Passamos por uma mudança de mentalidade. Antes o foco estava em ganho de GMV (vendas brutas) e aumento de canais de vendas, em crescer o negócio. Agora, o foco muda para gerar resultados", afirma o novo CEO, à frente da companhia desde a última divulgação de resultados. Para ele, a escolha que a empresa tinha era de investir mais para crescer, ou usar o que já se tinha à mão para, em suas palavras, "ganhar dinheiro".
Nesse sentido, nos últimos meses, a companhia propôs demitir 6 mil pessoas até dezembro deste ano, o que, nas contas da empresa, gera uma economia de R$ 370 milhões para a companhia. Além disso, a empresa agora deve trabalhar com estoques menores. "O intuito agora é comprar aquilo que vendemos mais rapidamente", afirma Franklin.
O plano
Para frente, os planos de liberar mais orçamento continuam. A empresa deve fechar de 50 a 100 lojas que não têm apresentado bons resultados, além de migrar categorias de produtos que não geravam vendas rentáveis para o shoppings virtual da companhia, quando lojistas parceiros vendem seus produtos na plataforma da companhia. Nesse caso, a empresa só fica com uma porcentagem da venda, sem ter o custo de arcar com o estoque.
Com essas mudanças, a empresa deve acrescentar ao lucro antes do imposto de renda (LAIR), mais de R$ 1 bilhão. A redução de estoques tem ainda o potencial de liberar R$ 1 bilhão em caixa para a empresa.
Na estrutura de capital, como adiantado pela Coluna do Broadcast, a companhia se programa para mudar a forma como financia seu crediário. Em vez de financiar as compras dos clientes por meio do carnê e adiantar esses valores com os bancos, a companhia vai passar a buscar recursos em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (Fidcs) para custear o parcelamento das compras de seus clientes. Assim, a empresa pretende liberar R$ 5 bilhões de limite de crédito com os bancos
Ao todo ainda se espera a monetização de ativos de até R$ 4 bilhões em 2023. Serão mais R$ 2,5 bilhões de créditos fiscais que, se o plano correr como o esperado, se tornarão dinheiro para a empresa. Soma-se a isso o R$ 1 bilhão pretendido com a liberação de estoques e mais R$ 500 milhões em vendas de imóveis e outros ativos.
*Tribuna Online
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