Famoso pelo papel como J. Robert Oppenheimer, o ator também tem no currículo outros protagonistas em filmes e séries
Veja o perfil do ator Cillian Murphy (Samir Hussein/WireImage/Getty Images)
Olhos azuis marcantes, maxilar quadrado e voz grave inconfundível. O ator Cillian Murphy, protagonista do filme "Oppenheimer", do diretor Christopher Nolan, está longe de ser uma figura desconhecida no cinema. Mais próximo do que nunca de sua primeira indicação ao Oscar — com chance de vencer na categoria de Melhor Ator —, Murphy ganhou uma legião de fãs no Brasil e no mundo.
Mas o fascínio pelo ator, que sem dúvida ficou maior graças a sua interpretação como J. Robert Oppenheimer, começou mesmo pelo streaming. Cillian, de 47 anos, ficou famoso por dar vida ao gângster Thomas Shelby, na série "Peaky Blinders" (2013) da Netflix. Para ter uma ideia, no Brasil, o personagem foi tão icônico que se tornou um símbolo de masculinidade e sucesso, a ponto de sua personalidade e dress code se tornarem um estilo de vida.
Por trás dos personagens frios e calculistas, no entanto, Cillian Murphy apresenta uma personalidade carismática, além de ser um pai e marido dedicado à família, apesar do perfil mais discreto e longe dos holofotes.
Cillian Murphy conversa com fãs e assina pôsteres em Odeon Luxe Leicester Square em Londres (Inglaterra) (Kate Green/Getty Images for Universal Pictures/Getty Images)
Longe de Thomas Shelby e "Oppenheimer": quem é Cillian Murphy?
O ator irlandês parece carregar uma personalidade semelhante aos personagens dramáticos que interpreta. Mas está muito longe disso: fora das telas, gosta de fazer piadas e é simpático com fãs e jornalistas.
Apesar de manter a vida pessoal fora das câmeras, Cillian já revelou em algumas entrevistas que mantém um ótimo relacionamento com a esposa, Yvonne McGuinnesse, com quem é casado desde 2004, e os dois filhos, Malachy (17 anos) e Carrick (16 anos). Eles moram em Dublin, na Irlanda. Embora católico e batizado na Igreja, ele considera ateu.
Cillian mantém certa distância do estrelismo de Hollywood e é conhecido por ser mais reservado quanto sua vida pessoal. Como já relatou em diversas entrevistas, costuma viajar sem comitiva e prefere ir sozinho às estreias de filmes. Também afirmou que não tem estilista pessoal ou publicitário.
Ativismo e apoio às causas sociais
Ainda que seja distante dos holofotes, o ator tem um olhar carinhoso às causas sociais. Em 2004, lançou uma campanha com o Focus Ireland para conscientização pública sobre os moradores de rua da Irlanda. Em 2007, participou do Rock the Vote da Irlanda, que incentiva jovens a se tornarem eleitores no país.
Desde 2011, Cillian é patrono da Unesco, na Universidade Nacional da Irlanda, pelo Centro de Pesquisa Infantil e Familiar. Durante a pandemia, também apoiou um estudo da Unesco sobre o impacto da pandemia de covid-19 na vida de crianças, adolescentes e jovens.
Neste ano, o ator apoiou e endossou a greve dos atores e dos roteiristas. Na premier de "Oppenheimer", em Londres, chegou a deixar a estreia em apoio à causa.
Cillian Murphy em evento da Dior na Carlton House Terrace, em 2017, na cidade de Londres (Inglaterra) (Nicky J Sims/Getty Images)
Carreira na música, teatro e cinema
Antes do cinema
Natural da cidade de Cork, na Irlanda, Cillian é o mais velho de quatro irmãos. A mãe era professora de francês e o pai trabalhava para o Departamento de Educação e Habilidades na Irlanda.
Apaixonado pela música, quando atingiu a maioridade, foi estudar direito na University College Cork, mas largou o estudos um ano depois para se dedicar à carreira musical e artística. Ele tocava guitarra e piano desde criança e tinha o sonho de se tornar um astro do rock.
Cillian Murphy, Bryce Dessner e Aaron Dessner tocando no "The Everyman " durante o festival Sounds From A Safe Harbour, em setembro de 2017 na Irlanda (Kieran Frost/Redferns/Getty Images)
"Eu provavelmente seria mais saudável se tivesse insistido em direito, mas seria miserável", afirma ele em entrevista ao The Guardian. Na adolescência, o ator chegou a ter uma banda com o irmão, chamada Sons of Mr. Greengenes, mas o projeto durou pouco tempo. "Meus pais ficaram aterrorizados com a ideia de perder os filhos para o monstro do rock ‘n’ roll”, brinca ele.
Seus projetos para uma carreira musical, dessa forma, foram sendo deixados de lado. Em entrevista à The Famous People, Murphy afirmou que depois de ver a peça de teatro "A Clockwork Orange", dirigida por Kiernan, sua atenção ficou mais voltada para a carreira como ator. "Foi um momento importante da minha vida", destaca ele ao portal.
Carreira no teatro
Os primeiros papéis como ator foram em peças de teatro. Ele chegou a atuar em espetáculos menores, em "Observe the Sons of Ulster Marching Towards the Somme" e "Little Shop of Horrors", no entanto, seu primeiro papel de peso foi em 1996, em "Disco Pigs", de Enda Walsh.
O talento, a partir dali, ficou claro e a carreira de Cillian começou a decolar. Depois do trabalho de Walsh, o ator interpretou personagens nas peças "Much Ado About Nothing" de Shakespeare (1998), "The Country Boy" e "Juno and the Paycock" (ambos de 1999), entre muitos outros.
Cillian Murphy e o diretor Neil Jordan na premiere de "Café da Manhã em Plutão", em Dublin (Irlanda) (Haydn West/WireImage/Getty Images)
Cinema e televisão
Em 1999, conquistou seu primeiro papel no cinema como Davin em "Sunburn". E dele se seguiram outras participações menores, como em "On the Edge" (2001) e, mais tarde, "Watchmen" (2001), onde atuou como roteirista.
O primeiro trabalho de peso no cinema veio em 2002, para o filme "28 Days Later". Por sua interpretação como Danny Boyle, foi indicado na categoria de Melhor Revelação no Empire Awards (2003) e Melhor Revelação Masculina no MTV Movie Awards (2004).
Christopher Nolan e Cillian Murphy na estreia de "Oppenheimer" em Londres (Inglaterra) (Neil P. Mockford/Getty Images)
Trabalho com Christopher Nolan
A partir de 2005, seus papéis começaram a se tornar mais emblemáticos e complexos. Em "Batman Begins", sua interpretação do Dr. Jonathan Crane rendeu a ele uma indicação na categoria de Melhor Vilão no MTV Movie Awards (2006) e fez os olhos do diretor Christopher Nolan brilharem.
Cillian havia sido originalmente convidado a atuar como Batman, mas destacou que seu porte físico e altura não eram compatíveis como super-herói. Na época, Nolan chegou a dizer, em entrevista à revista "Spin", que o olhar do ator era tão impactante que "eu sempre tentava inventar desculpas para ele tirar os óculos em close-ups".
Depois de "Batman Begins", Cillian estava oficialmente reconhecido no cinema, bem como aclamado pela crítica. O The New York Times o classificou como o vilão perfeito para o Batman, no mesmo ano em que o The New Yorker o descreveu como "ator que tem uma aparência angelical e pode se tornar sinistra, é um dos monstros mais elegantemente sedutores dos filmes recentes".
De 2005 para cá, Cillian faz parte de grandes filmes da história do cinema, como "Café da Manhã em Plutão" (2005), "Cavaleiro das Trevas" (2008), "A Origem" (2010), "Misterman" (2012), "No Coração do Mar" (2015) e tantos outros.
Os trabalhos como ator de cinema e teatro renderam a ele um Ourense Independent Film Festival Award como Melhor Ator (2002), por "Disco Pigs"; um GQ UK Award como Ator do Ano e Irish Film & Television Award como Melhor Ator em um papel principal (2007) por "The Wind That Shakes the Barley" e "Café da Manhã em Plutão", respectivamente, e um Irish Times Theatre Award como Melhor Ator e um Drama Desk Award como Melhor Desempenho Solo (2012) por seu trabalho em "Misterman".
Cillian Murphy nunca foi indicado ou vencedor de um Oscar. A atuação em "Oppenheimer" (2023), segundo críticos e especialistas, pode ser sua primeira chance real.
Mural realizado pelo artista Akse P19 do ator Cillian Murphy como Tommy Shelby, em Birmingham (Inglaterra) (Jacob King/PA Images/Getty Images)
"Peaky Blinders" e o fenômeno de Thomas Shelby
Apesar de ter feito um imenso sucesso nas obras de Christopher Nolan, foi a série "Peaky Blinders" da BBC One e Netflix, que realmente o deixou famoso.
Pelo papel como Thomas Shelby, Cillian Murphy recebeu dois prêmios: como Melhor Ator em papel principal pelo Irish Film & Television Award, em 2018, drama e Melhor Performance em drama, em 2020, pelo National Television Awards.
"Peaky Blinders" tem seis temporadas e está disponível na Netflix.
*Exame
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