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Prepare-se: Crédito deve crescer menos no Brasil em 2023, com maior inadimplência no cartão

Alsorsa.News | Prepare-se: Crédito deve crescer menos no Brasil em 2023, com maior inadimplência no cartão

10 de fev. de 2023

/ Por JPCN.Blog

Índice de atrasos no meio de pagamento chega a 7,7% e a tendência é de alta

Alsorsa.News | Prepare-se: Crédito deve crescer menos no Brasil em 2023, com maior
Foto: Shutterstock


A inadimplência vai contribuir para a desaceleração do crédito em 2023 e um dos vilões é o cartão de crédito, uma das linhas para pessoa física em que os atrasos são mais significativos – e que também representam maior risco para as instituições financeiras.


O estoque de crédito no Brasil cresceu 14,1% no ano passado. Para 2023, o banco Santander espera uma desaceleração, com incremento de 5,8% do total dos empréstimos.


“Com o aumento da inadimplência, iniciou-se o processo de desaceleração nas concessões. Espera-se a continuidade de uma maior seletividade nas concessões”, diz Fabiana Moreira, economista do Santander Brasil.


A inadimplência (atrasos superiores a 90 dias) subiu ao longo de 2022, sendo mais intensa no segmento de pessoa física.


De acordo com o Banco Central (BC), o índice de inadimplência geral chegou a 3% em dezembro de 2022, alta de 0,7 ponto percentual em 12 meses. Quando se olha apenas para pessoas físicas, os atrasos chegaram a 3,8%, aumento de 0,8 ponto no mesmo período.


Essa piora foi mais acentuada no cartão de crédito, que é um crédito de acesso rápido. Dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio) mostram que 86,6% das famílias utilizam o cartão de crédito. Há dez anos, esse índice era de 75,2%.


Inadimplência no cartão de crédito

A inadimplência do cartão de crédito era de 7,7% em dezembro, uma elevação de 2,7 pontos percentuais em 12 meses, segundo o BC. Ao considerar apenas o rotativo, que é quando o cliente não paga integralmente o valor da fatura, esse índice sobe para 44,7% – alta de nove pontos na comparação com dezembro de 2021.


“As instituições financeiras colocaram um freio nas novas concessões, privilegiando modalidades de crédito com garantia, como financiamento imobiliário e consignado”, diz Moreira.


Para lidar com essa alta da inadimplência, as instituições financeiras tendem a apostar no crescimento maior das operações de menor risco em detrimento do cartão.


A inadimplência é a relação entre o volume de operações em atraso e o total da carteira de crédito. Quando o estoque de crédito cresce mais que o volume das operações em atraso, o índice cai. Quando o volume em atraso cresce mais rápido, a inadimplência sobe.


De acordo com a economista do Santander, enquanto o crédito em 2022 cresceu 14,1%, o volume em atraso há mais de 90 dias aumentou 70%.


Piora crescente

Mas mesmo que as instituições financeiras comecem a dar maior foco para as operações de menor risco, ainda vai levar um tempo para isso fazer efeito nos índices de inadimplência, que devem subir no curto prazo.


Eduardo Vilarim, economista do Banco Original, lembra que a massa salarial do país está crescendo menos, o que é um indicativo de que a inadimplência ainda vai crescer, ainda mais em um cenário de inflação incerta.


“Temos queda da massa salarial no Brasil, endividamento mais alto e comprometimento de renda maior. O que consigo ver é que a inadimplência ainda pode subir”, diz.


Na avaliação de Carolina Yaginuma, diretora da Fitch Ratings, o cenário macroeconômico aponta para a piora do crédito, o que indiretamente pode também afetar os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) do setor de consumo.


“Com renda real menor, as famílias precisam fazer escolhas. A dívida com o cartão fica no final em relação a outras, como financiamento imobiliário e de veículos. Por isso a gente espera que esses portfólios sofram com o aumento da inadimplência”, diz.


*TradeMap 

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