Segundo dados da plataforma do TradeMap, os contratos futuros de juros para 2024, 2026 e 2029 recuavam em bloco
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A ação da Alpargatas (ALPA4) e de outras empresas do varejo operam entre as maiores altas do pregão da Bolsa nesta segunda (27), refletindo um recuo nos contratos futuros de juros.
Por volta das 13h05, a dona da Havaianas subia 4,77%, Magalu (MGLU3) se valorizava 1,94%, Via (VIIA3) tinha alta de 0,51%, a Renner (LREN3) ganhava 2% e, fora do Ibovespa, a Guararapes (GUAR3) disparava 18%. No mesmo horário, o principal índice da Bolsa ia na contramão e caía 0,15% e operava aos 105.659 pontos. Enquanto isso, os mercados lá fora avançavam em bloco.
Segundo dados da plataforma do TradeMap, os contratos futuros de juros para 2024, 2026 e 2029 recuavam em bloco, cotados a 13,21%, 12,82% e 13,26%, respectivamente. O contrato para 2029 tinha uma baixa de 0,14 ponto percentual, a queda mais intensa entre os pares.
Mais cedo, analistas ouvidos pelo Boletim Focus do Banco Central mantiveram as projeções da semana anterior para a Selic no final deste ano e no ano que vem em 12,75% e 10%, respectivamente
Somado a isso, o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), também divulgado hoje, terminou fevereiro em queda de 0,06% em relação ao mês anterior, segundo dados divulgados pela FGV (Fundação Getulio Vargas). O resultado contrariou a expectativa do mercado, de alta de 0,22%.
De acordo com André Braz, coordenador dos índices de preços da FGV, a queda no preço de produtos como a soja contribuiu para o recuo do IGP-M em fevereiro.
Hapvida, SLC e mineradoras recuam no Ibovespa
Na parte negativa do índice, a ação da Hapvida (HAPV3) caía 2,75% e a SLC Agrícola (SLCE3) apontava em 2,84% para baixo, liderando as quedas do dia. A empresa do agronegócio teve uma alta de 0,77% no pregão da última sexta após anunciar a aquisição de 12,4 mil hectares de terras no município de São Desidério, na Bahia, por R$ 470 milhões.
Em relatório enviado a clientes no dia, o BTG Pactual pontuou que a SLC executou uma boa oportunidade comercial mesmo considerando que o valor médio das terras agrícolas está caro no país por conta de um avanço no preço das commodities desde 2020.
As ações de mineradoras, por sua vez, recuavam com intensidade acompanhando a baixa do preço do minério de ferro na China. A tonelada da commodity negociada no porto de Dalian encerrou esta segunda-feira (27) com retração de 2,53%, negociada a US$ 127,17.
A queda ocorre após o governo de Pequim suspender temporariamente a produção de aço em Tangshan, um dos principais polos industriais do país, para tentar frear os níveis de poluição na região. Segundo informações da Reuters, as restrições iniciaram no sábado (25), sem previsão para serem revertidas.
O preço da commodity também é pressionado pela alta dos estoques de outros metais básicos no mercado chinês após um período de escassez. Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, ressalta que o preço do minério de ferro passa por um momento pontual de estoques em alta, e que em breve a reposição da indústria deve voltar a normalizar a situação.
Em resposta, a CSN Mineração (CMIN3) caía 0,45%, e a Vale (VALE3), a ação de maior peso no Ibovespa, perdia 0,55%.
Fim da desoneração dos combustíveis no radar do mercado
Os investidores também estão de olho no fim da desoneração do PIS/ Cofins sobre a gasolina e etanol, implementada durante o governo Bolsonaro em meio às eleições presidenciais e que se encerra amanhã. Apesar da própria Receita Federal ter anunciado que os tributos voltarão a ser cobrados, há dúvidas sobre se os combustíveis serão de fato reonerados.
Informações de bastidores, como a da colunista Andréia Sadi, da Globonews, apontam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria avaliando o custo político da reoneração, que acrescentaria 0,5 ponto percentual ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano, segundo cálculo do economista André Braz, da FGV.
Lula se reunirá hoje com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para tratar do tema. De acordo com o jornal O Globo, existe a possibilidade tanto de uma prorrogação da desoneração por mais dois meses quanto de uma reoneração gradual do imposto.
Haddad, vale ressaltar, é a favor da retomada do imposto de forma integral, enquanto alas do governo ainda são mais reticentes. Na avaliação de Eduardo Nishio, analista da Genial Investimentos, a decisão final, que será tomada diretamente por Lula, deve mexer com o mercado pois dará uma dimensão do poder relativo da equipe econômica comparada à área política do governo. “Por enquanto, a equipe econômica perdeu todas as disputas”, comenta.
Na expectativa da decisão, papéis de distribuidoras de combustíveis avançavam na Bolsa. São Martinho (SMTO3) subia 2,23% e Raízen (RAIZ4) avançava 0,70%.
Cenário externo
As bolsas internacionais operam em terreno positivo após a pior semana do ano tanto nos EUA quanto no Velho Continente. “Na semana passada, os índices globais atingiram mínimas de seis semanas em resposta a um conjunto de dados que forçou os investidores a se prepararem para taxas de juros mais altas tanto nos Estados Unidos quanto na Europa”, avaliou a XP, em relatório matinal.
O dado do PCE (Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal), divulgado na semana passada e que avançou 0,6% nos Estados Unidos em janeiro, mais do que o esperado pelo mercado, estremeceu Wall Street.
O medo dos investidores é que o banco central dos Estados Unidos seja obrigado a elevar mais os juros americanos como forma de conter a alta de preços, cenário que poderia levar a maior economia do mundo à recessão.
*TradeMap
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