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Meta: O caso da empresa que já se chamava Meta antes de o Facebook escolher o nome

Meta: O caso da empresa que já se chamava Meta antes de o Facebook escolher o nome

15 de ago. de 2022

/ Por JPCN.Blog

 Meta.is oferece serviços semelhantes e tem mais de dez anos de existência com registro de marca federal

JPCN.Blog | Meta: O caso da empresa que já se chamava Meta antes de o Facebook escolher o nomeCréditos: Arte: Neri Neto / Mundo Conectado

No final de 2021, o até então Facebook se apresentou de uma nova forma. Mark Zuckerg, fundador da empresa e da rede social anunciou um novo nome: Meta. A novidade, segundo ele, vinha acompanhada de um grande plano chamado Metaverso.

Um novo nome com um significado claro, o momento de ir além (Meta, do grego, além). Ir adiante de tudo que tinha sido feito até então, continuar conectando pessoas, mas de uma forma mais imersiva.

Meta é um nome curto, fácil de decorar, tem tudo a ver com o que a empresa passa a buscar, mas desde o início existiu uma dúvida. Como ficam as empresas que já tinham esse nome? É o caso desta outra Meta, que tem como site Meta.is, uma pequena empresa de realidade aumentada com 12 anos de atuação.


Semelhanças

Facebook é uma empresa gigante, a sexta maior do mundo em tecnologia, segundo a Forbes. E gigante também parece ter sido o impacto da mudança de nome para outras empresas pequenas que já eram conhecidas por Meta.


Para facilitar, neste artigo me refiro à Meta do Facebook como Facebook e à Meta que já existia como Meta ou Meta.is. Isto não reflete um posicionamento legal.

No caso da Meta.is há algumas semelhanças que vão além do título, como o próprio logo de cada uma.


A imagem acima aparece no documento oficial que pede uma revisão do registro das marcas, mas este parece ser apenas um detalhe.

Segundo os representantes da empresa, tornou-se impossível compartilhar o mesmo nome com a gigante da tecnologia.

A reclamação pública menciona: “Que a Meta como era antes não pode mais oferecer bens e servidos sob a marca Meta. Isso porque, segundo eles, os consumidores têm tendência a entender errado que Meta é um serviço relacionado ao Facebook.”

Além disso, que os serviços estariam associados a uma certa toxidade do Facebook. Estar associado a serviços do Facebook é algo muito negativo para os negócios pela forma que muitas pessoas enxergam a empresa de Zuckerberg. 

E, apesar de ser uma opinião da empresa menor, vale lembrar que realmente o Facebook está sempre em investigações por controle e venda de dados e questões envolvendo a saúde das pessoas online.

Muitos deixam o Facebook pela política de anúncios presente nas redes, em que podem ser oferecidos produtos com base em preferências e escolhas pessoais. O grupo Facebook traz características invasivas.

O Facebook também é muito apontado por especialistas como um dos polarizadores dos últimos tempos. No documentário O Dilema das Redes Sociais, é possível entender como a rede sociado Zuckerberg ajudou a criar bolhas, segregar cada vez mais as pessoas, fazendo com que elas se fechassem para ideias contrárias.

De qualquer forma, não foi de uma hora pra outra que tudo isso aconteceu. Por que só agora isso foi parar na justiça?

Sem negociações

A Meta.is explica: “Em 28 de outubro de 2021, o Facebook tomou nossa marca e nome Meta, no qual colocamos nosso sangue. Hoje, depois de oito meses tentando negociar com o Facebook de boa fé sem sucesso, não tivemos escolha a não ser entrar com um processo contra eles.”

O discurso aqui é de que há intimidação da parte do Facebook e começa a crescer um ar de impunidade. O Facebook tem dinheiro para pagar os melhores advogados do mundo.

Com um impacto grandes nos negócios, até que a situação seja resolvida, os negócios de anos da empresa menor podem ser prejudicados. Isso porque realmente é muito mais fácil que pessoas conheçam um serviço do Facebook em vez do que uma empresa infinitamente menor. Mesmo estes primeiros oito meses de tentativa de negociações parecem ter prejudicado a Meta.is.


Sobre isso, há uma declaração no site que diz:


EM MEIO AOS DESAFIOS DA PANDEMIA E SEU IMPACTO NO ESPAÇO DE VIVÊNCIAS, ESTÁVAMOS DANDO OS RETOQUES FINAIS EM NOSSA NOVA INICIATIVA, UNREALITY. E ENTÃO, UMA DAS EMPRESAS MAIS PODEROSAS DO MUNDO TIROU NOSSA IDENTIDADE SEM AVISO PRÉVIO.

Unreality é um produto de imersão da Meta.is, que também aparece na argumentação no documento compartilhado no site. Isso porque, segundo eles, a Unreality funciona como uma marca abaixo da empresa deles, mesma estratégia de mercado adotada pelo Facebook, criou uma empresa maior para controlar todas as suas outras.


Meta vs Meta

Ambas as empresas têm base nos Estados Unidos, e o registro da Meta que já vinha funcionando é válido. A disputa vai para a justiça e pode não ser muito simples de ser resolvida, o processo pode ser mais complicado e tomar mais tempo porque o Facebook está pedindo validação em diversas frentes de serviços. E há ainda outras empresas não tecnológicas que já vinham desempenhando funções e que querem garantir seus direitos com esse mesmo nome. 

Um ponto muito interessante e complicado disso tudo é que, de qualquer forma, os dois lados oferecem alguns serviços que apresentam semelhanças e podem causar confusão para algumas pessoas. O grande foco do Facebook é o Metaverso, que funciona com óculos de realidade virtual e aumentada, o mesmo que vinha sendo utilizado nos serviços da Meta para imersão.

👉LEIA AQUI O DOCUMENTO OFICIAL EM QUE A META LISTA TODOS OS ARGUMENTOS CONTRA O FACEBOOK👈

E a carta vai além, dizendo que o Facebook fala muito sobre suporte à comunidade mas suas atitudes vão numa direção contrária, citando este que teria sido um roubo de identidade empresarial. Mencionam que isso deve servir de exemplo para pensarmos, imaginarmos o que pode acontecer se o Facebook dominar o Metaverso.

O que acontece se uma empresa como essas, que vive atropelando tudo para conseguir o que quer, for responsável pela principal forma de conectar as pessoas de forma imersiva?

A lista de reclamações e argumentos vai longe no site oficial Meta.is e reúne 37 páginas. Esse documento, já na segunda página, enfatiza que o Facebook “ignorou o registro federal da marca para serviços a nível digital, incluindo realidade virtual e aumentada.

Talvez você possa se perguntar: mas o Facebook conhecia a Meta? Segundo o documento, o Facebook estava mais do que ciente da participação da Meta no mercado. Em agosto de 2017, teria escrito ao escritório da empresa após testar seus produtos envolvendo imersão digital. “Incrível” e “Espetacular” teriam sido as palavras utilizadas para descrever o que foi testado. A resposta incluía ainda um pedido para que ambas as empresas trabalhassem juntas num futuro próximo.

Estas conversas, em tese, estão guardadas para e deve ser apresentadas durante o processo.

Além disso, de acordo com o documento, há várias outras situações em que as duas conversaram. Após o anúncio da marca, o Facebook teria respondido à reclamação falando que os serviços oferecidos são drasticamente diferentes.

Na página três do documento, no entanto, é descrito que exatamente os mesmos serviços estão sendo oferecidos, as mesmas experiências imersivas, nos mesmos eventos, com os mesmos criadores e empresas.


Sobre Metaverso

Meta.is é uma empresa de tamanho considerável até, mas nada próximo ao Facebook. Ela já trabalhou com Twitter, Samsung, Soundcloud, TheVerge, Spotify e vários outras marcas de renome.

E agora o Facebook, até então uma rede social, faz todo um rebranding, uma mudança de posicionamento no mercado, incluindo o nome, e passa a oferecer os mesmos serviços já oferecidos antes por uma outra Meta.

O que parece aqui é que realmente o Facebook conhecia a marca com registro federal e esse foi um movimento muito bem pensado. Certamente eles sabem o que esperar disso. Até porque quando falamos em Facebook não estamos falando de uma vendinha de esquina, estamos falando da maior empresa de redes sociais do mundo. E olha a importância que redes sociais têm atualmente! Esta é a dona do Facebook, Instagram, WhatsApp.

E isso me lembra muito a sensação que eu tive na primeira vez que assisti ao vídeo de apresentação do Mark Zuckerberg, sobre o Metaverso e a mudança para Meta. Porque o Facebook não tinha nada ao apresentar o rebranding e o metaverso como foi mostrado.

Em tecnologia, apesar de ter a Oculus e ter alguns testes de dispositivos, em funcionamento e sendo comercializado o Facebook não tinha nada. Tudo muito experimental e feito por baixo dos panos. Enquanto isso, a outra empresa já estava em funcionamento e pagando suas contas com esses serviços.

E como mencionado pela Meta.is, o Metaverso vem sendo construído há anos por especialistas da área, e pra muita gente a impressão passada foi de que o Facebook criou o Metaverso, quando isso não é verdade.

Vale lembrar que o próprio termo Metaverso aperece a primeira vez em Snow Crash, de New Stephenson, um livro. E a ideia já tá aí faz muito tempo. Mas essa foi uma jogada muito esperta.

Porque Zuckerberg e seu time podem nem ser os mais capazes de implementar um mundo virtual como esses, mas tomando essa ideia como própria e divulgando como algo deles é uma forma de conseguir espaço e até de matar algumas concorrências.

Vale lembrar que a empresa dele é a todo instante acusada de antistruste, e não à toa. Ela compra empresas menores com soluções que podem ter sucesso, para evitar ser engolida no futuro, impedir competição e quem sabe lucrar com algo que possa se tornar um sucesso.

E o fato de se posicionar assim, certamente confunde muita gente. Muita gente a partir de agora, quando escuta Metaverso lembra do Facebook, mas a verdade é que isso não tem nada a ver. O Metaverso não depende do Facebook, é um espaço virtual com interação entre pessoas e uma série de possibilidades digitais. Várias empresas estão criando suas formas de conectar pessoas de maneira digital e mais imersiva. É perceptível que o Zuckerberg sonha em gerenciar isso, mas vamos ver se vai acontecer.

Já sobre um possível julgamento, não há, até o momento em que escrevo este artigo, uma decisão judicial e nem um agendamento público para um julgamento.

*Mundo Conectado 

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