Operação deixa de existir como força-tarefa isolada
Como foi anunciado em dezembro pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, chegou ao fim nesta quarta-feira (31) o prazo para integração da força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), instituído no Ministério Público Federal fluminense.
A partir desta quarta, o grupo de trabalho deixa de existir oficialmente como força-tarefa isolada, após quase cinco anos de trabalho, 55 operações abertas e 894 pessoas denunciadas.
Apesar da mudança formal, o Gaeco vai herdar o acervo da Lava Jato e será comandado pelo procurador Eduardo El Hage, que até aqui coordenou o braço fluminense da operação. O período de transição para o novo modelo durou cerca de dois meses.
Referência no combate ao crime organizado nos Ministérios Públicos estaduais, os Gaecos começaram a ser implementados a nível federal no ano passado – quase sete anos após o Conselho Superior do Ministério Público aprovar uma resolução abrindo caminho para a adoção do modelo.
A institucionalização do grupos anticrime faz parte da meta encampada por Aras de redesenhar o Ministério Público Federal, pondo fim às forças-tarefas. O procurador-geral entrou em conflito com os métodos de investigação da Lava Jato e passou a defender a necessidade de superar o “lavajatismo”.
SALDO DA FORÇA-TAREFA NO RIO
- 55 operações
- 806 buscas e apreensões
- 70 prisões temporárias
- 264 prisões preventivas
- 105 denúncias
- 894 denunciados
- 183 condenados em primeira instância
- R$ 3,8 bilhões obtidos em acordos de colaboração premiada
HISTÓRICO
A Operação Lava Jato começou em Curitiba, em 2014, como uma investigação sobre um esquema de lavagem de dinheiro atribuído ao doleiro Alberto Youssef, e remeteu ao Rio de Janeiro, em 2015, uma investigação sobre a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás. No ano seguinte, foi formada a força-tarefa fluminense, que aprofundou investigações sobre corrupção em diversas obras públicas do estado, como as do metrô do Rio e do Maracanã para a Copa do Mundo.
Com o avanço das investigações, a força-tarefa do Rio denunciou uma série de políticos, incluindo o ex-presidente Michel Temer, o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, preso há mais de quatro anos, o empresário Eike Batista e o “doleiro dos doleiros” Dario Messer.
Aclamada nas ruas, a Lava Jato virou alvo de sistemáticos questionamentos pelos métodos de investigação. Embora o berço dela, em Curitiba, tenha concentrado a maior parte das críticas, sobretudo pelas prisões provisórias como suposto instrumento para forçar delações dos investigados e posteriormente pela associação entre procuradores e o ex-juiz Sergio Moro, os ataques também atingiram a força-tarefa do Rio.
No julgamento na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, que declarou a suspeição de Moro no caso do triplex do Guarujá, o ministro Gilmar Mendes estendeu os ataques ao núcleo fluminense
– A tal 7ª Vara do Rio de Janeiro, não sei por que o escândalo ainda não veio à tona, mas o que se fala em torno dessa vara também é de corar frade de pedra – afirmou o magistrado, em referência ao juiz Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Lava Jato no estado.
*Estadão
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