Saída de Jim Bridenstine da chefia da Nasa no final do ano foi o único anúncio concreto; financiamento para missões espaciais deve diminuir por conta da crise do coronavírus
Com a saída de Donald Trump da presidência dos Estados Unidos e a assunção de Joe Biden, dúvidas referentes à política espacial americana surgem em meio a troca de governo. Como o futuro presidente não abordou abertamente o tema durante a sua campanha, pouco se sabe sobre possíveis mudanças, apesar de algumas delas já começarem em 2020.
A primeira consiste em novos ares para a Nasa, com a saída do atual chefe da agência, Jim Bridenstine, com o fim do governo Trump. Nomeado em 2018, com alguns questionamentos e alinhado ao conservadorismo do atual presidente dos Estados Unidos, Bridenstine não aguardou alguma sinalização de Biden — negativa ou positiva — para anunciar que não seguirá no cargo no ano que vem.
Apenas limitou-se a dizer que o egresso não tem relação com posições partidárias, mas relacionado à garantia de que a Nasa possa avançar sob uma nova liderança.
"Você precisa de alguém que tenha um relacionamento próximo com o presidente dos Estados Unidos", afirmou Bridenstine ao Aviation Week, complementando que não seria a pessoa mais indicada ao cargo em um novo governo.
Jody Singer, diretor do Marshall Space Flight Center, Mark Geyer, diretor do Johnson Space Center, e Dennis Andrucyk, diretor Goddard Space Flight Center, são alguns dos candidatos em potencial, assim como o atual vice-administrador James Morhard. O cargo, entretanto, ainda não foi ocupado.
Saída de Jim Bridenstine deve significar novas diretrizes para a Nasa. Foto: Nasa/Divulgação
Outra mudança esperada é relacionada à atenção dada à Força Espacial, novo braço militar dos EUA criado sob a gestão de Trump. O programa enxerga o espaço como uma zona de uma potencial guerra, não priorizando o domínio de aventuras científicas — não à toa, conta com apenas 31% de aprovação pública. Isso não significa que o projeto será desmantelado, mas espera-se que a Força Espacial permaneça com foco reduzido.
Já em relação ao projeto de retorno dos astronautas à Lua em 2024, a única "pista" pode ser encontrada no documento "Construindo uma Economia Mais Forte e Mais Justa", do Partido Democrata. Em um dos parágrafos, o texto menciona o "apoio ao trabalho da Nasa para devolver os americanos à Lua e ir além de Marte, dando o próximo passo na exploração de nosso sistema solar”.
Apesar de não mencionar prazos, poucas alterações nas atuais tratativas devem ser vistas neste assunto, tendo em vista a cooperação internacional adquirida com o programa Artemis, cujo objetivo é estabelecer presença humana no satélite lunar para abrir caminho em uma possível viagem para Marte.
Mesmo com um possível sucesso do projeto Artemis, entretanto, o destino ao Planeta Vermelho deve levar mais tempo. De acordo com um relatório do Instituto de Política de Ciência e Tecnologia em 2019, uma missão tripulada à Marte na década de 2030 é atualmente inviável. E Biden não deve tentar reverter a situação.
Projeto Artemis busca consolidar presença humana na Lua para abrir caminho em viagens à Marte. Foto: Nasa/Divulgação
Foco na emergência climática
Durante sua campanha, Biden deixou clara a preocupação em enfrentar a emergência climática. É provável que o combate se concentre nos limites da poluição industrial e nas fontes de energias renováveis, sugerindo uma política espacial mais focada em missões de observação da Terra, como o programa Goes (Geostationary Operational Environmental Satellite).
Isso significa que provavelmente haverá maior empenho em satélites de monitoramento de derramamentos de óleo, de desmatamento e de emissões de carbono.
De modo geral, espera-se menos financiamento para missões espaciais, muito em função da crise financeira causada pela Covid-19. Por outro lado, como tudo ainda gira em torno de especulações de programas de governo, a própria gestão Biden se encarregará de trazer mais respostas sobre a futura política espacial no decorrer dos próximos anos.
Fonte: Olhar Digital
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