Lançada em janeiro de 2006, a sonda New Horizons continua, mesmo a 10,3 bilhões de quilômetros da Terra, trazendo importantes informações: um grupo de pesquisadores da NASA publicou recentemente um trabalho no qual, através de imagens da distante sonda, conseguem determinar se o espaço sideral é realmente escuro.
A questão, que intriga cientistas há décadas, foi analisada num estudo feito pelo astrônomo Tod Lauer e outros pesquisadores da NASA, responsáveis pela missão New Horizons, que atualmente viaja muito além do planeta-anão Plutão.
Aliás, a missão original da New Horizons foi explorar o planeta mais distante do nosso Sistema Solar, mas, depois de sobrevoá-lo em julho de 2015, a sonda simplesmente continuou sua viagem até os confins do espaço sideral. Atualmente, ela se encontra 50 vezes mais longe do Sol do que a Terra, e foi essa distância da principal fonte de luz do Sistema Solar que impulsionou a nova pesquisa.
A posição da New Horizons hoje a coloca longe das principais fontes de contaminação de luz que poderiam impedir a detecção de qualquer tipo de sinal luminoso do próprio universo. No nosso sistema solar interno, por exemplo, o espaço é cheio de partículas de poeira que refletem naturalmente a luz do Sol, criando um brilho difuso que se espalha pelo céu.
Como no local onde a New Horizons se encontra não há sinais nem de poeira cósmica e nem de luz solar, que é fraquíssima, os pesquisadores analisaram as imagens capturadas pelo telescópio e pela câmera simples da sonda, e naturalmente o que conseguiram obter foram fotos totalmente monótonas e sem brilho.
A seguir, os astrônomos processaram as imagens, removendo todas as fontes conhecidas de luz visível. Porém, mesmo tirando a luz das estrelas, mais a luz espalhada da Via Láctea, e qualquer interferência da câmera, os cientistas continuaram percebendo uma luz vinda de um lugar além da nossa galáxia.
De onde vem essa luz?
Fonte: NASA/Divulgação
Fonte: NASA
Segundo Lauer, ainda não há uma resposta inteiramente concreta sobre qual é a origem de tanta luz no espaço sideral. Ele diz que poderiam ser muito mais galáxias com anãs pequenas e mais fracas na “periferia” dos sistemas que conhecemos. Ou talvez a quantidade de poeira seja maior do que se esperava.
Uma explicação mais esquisita poderia ser a existência de algum fenômeno do universo, ainda desconhecido, que cria luz visível. Poderia até mesmo ser alguma coisa relacionada com a matéria escura, uma suposta forma de matéria que exerce atração gravitacional, mas que nunca foi vista.
Para Marc Postman, coautor do estudo, “os componentes que emitem luz são algo que nos daria uma boa noção e compreensão do por quê essa luz existe”. E é isso que o novo estudo poderá proporcionar, pois a localização da New Horizons permitirá fazer novas medições num lugar do espaço sideral totalmente “limpo”.
Até lá, admite Postman, o espaço ainda continuará escuro.
Fonte: TecMundo
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